Desde que foi criada pelo Congresso Nacional em agosto de 2021, a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) virou um assunto recorrente no futebol brasileiro, com muitos clubes já aderindo ao formato e outros tantos se preparando para fazer a mudança do modelo associativo para clube-empresa.
Migração que, para ser oficializada, precisa ser registrada pelas federações estaduais, que estão autorizadas pela CBF, desde 2022, a cobrar a chamada "taxa de conversão". Cobrança que, a depender de cada estado, varia de R$ 30 mil a R$ 500 mil.
O ge verificou em documentos disponibilizados nos sites oficiais das entidades e em contato com as assessorias os valores cobrados pelas dez federações mais bem colocadas no ranking da CBF: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Ceará, Goiás, Santa Catarina, Bahia e Pernambuco.
A federação com a taxa mais cara é a do Rio de Janeiro. De acordo com os valores divulgados pela entidade, um clube que estiver na Série A1 do estado terá que pagar R$ 500 mil para fazer a migração para SAF. A cobrança passa a ser de R$ 300 mil e R$ 200 mil para os clubes que disputam as Séries A2 e A3 do Estadual, respectivamente.
Esses valores passaram a ser cobrados no ano passado, e seguem valendo, de acordo com a assessoria de imprensa da Ferj. Vale lembrar que Botafogo e Vasco venderam suas ações em 2022.
Pernambuco e Ceará em caminhos opostos
A segunda federação a cobrar mais caro é a Pernambucana, que reajustou a taxa de R$ 120 mil para R$ 400 mil a partir deste ano. Um aumento de 233%. Nenhum dos três grandes do estado virou SAF até agora, mas eles trabalham para isso.
Quem tem conversas mais adiantadas é o Náutico que já possui uma oferta de um grupo de investidores que pode chegar, entre plano de investimentos e custos garantidos, a R$ 980 milhões ao longo de dez anos pela compra de 90% das ações.
Já o Sport está em processo de reformulação do seu estatuto visando a adesão ao modelo SAF, enquanto o Santa Cruz, que chegou a ter conversas adiantadas com investidores, de acordo com a direção que deixou o clube no final do ano passado, está novamente na estaca zero. Mas a transformação para a SAF é tida como prioridade pelo atual presidente, Bruno Rodrigues.
Já a Federação Cearense fez o caminho inverso ao reduzir o valor da taxa, passando dos R$ 400 mil cobrados até o ano passado para R$ 120 mil a partir de 2024.
No estado, o Fortaleza aprovou em setembro a mudança para Sociedade Anônima do Futebol, mas sem vendas de ações por enquanto, modelo único no futebol brasileiro até agora. Em dezembro, o então presidente do clube Marcelo Paz renunciou para assumir o cargo de CEO da Fortaleza EC SAF.
Já o Ceará não trata a adesão ao modelo de Sociedade Anônima como prioridade.
Marcelo Paz explica detalhes sobre SAF do Fortaleza
Bahia, Goiás e Minas
As federações Goiana e Baiana também cobram R$ 120 mil pela conversão em SAF.
Em Goiás, os três principais clubes, Goiás, Atlético-GO e Vila Nova, estão em andamento para a mudança. Já o Bahia desde março do ano passado tem 90% das ações do futebol controladas pelo Grupo City. O Vitória, por enquanto, ainda não tomou direcionamento nesse sentido
Em Manchester, Bahia faz pré-temporada ao lado do City
Em Minas Gerais, onde os três grandes já aderiram ao modelo SAF, sendo o Cruzeiro o primeiro clube do Brasil, ainda em 2021, a Federação Mineira cobra atualmente R$ 250 mil pela mudança. Terceira taxa mais salgada, atrás apenas de Rio de Janeiro e Pernambuco.
Sem cobrança em São Paulo e "pechincha" no Sul
Líder do ranking da CBF entre as federações, São Paulo é a única entre as 10 melhores colocadas a não cobrar a "taxa de conversão" para o modelo SAF, de acordo com a resolução publicada em julho do ano passado. O estado é o que possui mais clubes que já viraram Sociedade Anônima, com 10. Um a mais que Minas Gerais, de acordo com a Liga Acadêmica de Direito Societário da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Já as três federações da Região Sul do País cobram os menores valores, sendo que a Catarinense é a mais barata: apenas R$ 30 mil. O estado conta entre os seus filiados com quatro clubes que já aderiram ao modelo SAF, entre eles o Figueirense.
Já nas Federações Paranaense e Gaúcha esse valor é de R$ 60 mil, sendo que no Rio Grande do Sul essa taxa passa a ser cobrada a partir deste ano. O Paraná é o terceiro estado do País com mais SAFS, oito ao todo.
5 coisas que você precisa saber sobre SAF
Os valores cobrados pelas federações
- Federação Paulista - Não cobra taxa
- Federação do Rio de Janeiro - 500 mil*
- Federação Pernambucana - R$ 400 mil
- Federação Mineira - R$ 250 mil
- Federação Cearense - R$ 120 mil
- Federação Goiana - R$ 120 mil
- Federação Baiana - R$ 120 mil
- Federação Gaúcha - R$ 60 mil**
- Federação Paranaense - R$ 60 mil
- Federação Catarinense - R$ 30 mil
*Os clubes que estiverem na Série A2 do Estadual pagam R$ 300 mil e os da Série A3, R$ 200 mil
** Cobra pela primeira vez em 2024
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